segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Fiel umbandista

          Viver a Umbanda não é somente sustentar a roupa branca a lhe trazer a sensação de pureza e bem-estar. A beleza dos pés descalços, os emocionantes pontos cantados, o envolvente aroma da defumação podem, em certo momento, encantar o devoto, atirando aos seus olhos o véu que lhe cega para o verdadeiro objetivo da prática umbandista.
          Toda a ritualística descrita aos leitores é de extrema importância e fundamento, tornando-se indispensáveis para uma segura sessão de Umbanda. Todavia, ao se prostrar perante os guias de luz, jurando devotamento e auxílio, devemos gravar no peito o que de mais importante e urgente devemos fazer acontecer: A manifestação do Amor e da Caridade, que a Umbanda prega e luta para conseguir levar adiante.
          Ao decidir pela roupa branca, primeiro é preciso que no coração já esteja pulsando o desejo de amar assim como fez Nosso Senhor. Com os pés descalços, ouvindo os pontos e sentindo o gostoso aroma da defumação, denunciará a si mesmo que os trabalhos precisam começar, mas é urgente a firmeza no único e importante objetivo de fazer o bem, saber escutar a dor do próximo, guardar sigilo a respeito dos casos na condição de cambono, ser fiel ao guia com o qual trabalha, esquecer-se de si para olhar, orar e trabalhar pelo próximo, sem esperar nada em troca e nem mesmo ver a quem.
          Todo o trabalho dentro da Umbanda é com o objetivo de servir ao próximo, assim como Jesus, nosso Mestre fez. Este grande servo de Deus conquistou todo seu objetivo, mesmo passando por momentos de sofrimento e dor, como qualquer um. Assim também é o médium da Linha Branca.
          Durante sua encarnação não só se deparará com os momentos de alegria, mas também encontrará na caminhada a morte, a descrença, a dor, a ilusão, a separação.
          Mesmo que toda tristeza do mundo recaísse sobre o Mestre este não deixava de servir e agradecer a Deus. Sua fé jamais se abalou. Seu Amor nunca vacilou. Assim também deve ser o trabalho do umbandista ou fiel de qualquer religião.
          O que primeiro devemos plantar em nosso coração é o desejo ardente de servir. A semente deve ser tratada, regada, preparada para crescer forte até a consciência a fim de que não se torne inconsciente. Jesus diante da escuridão levou a luz. Assim deve ser o umbandista, servindo para o bem, corrigindo a maldade.
        Ao novo fiel ou devoto, jamais esqueça que está em suas mãos a responsabilidade por muitas vidas. O próximo clamará a você a bondade e o perdão, sirva sem reclamar melhores condições. A dor pode ser a menor de todas, não julgue ou rotule ninguém. O próximo clamará a você a compreensão e não o preconceito ou recriminação.  É urgente ser humilde, mas não confunda esta com a pobreza e a estupidez. O próximo ainda clamará a você respeito e compaixão.  “Ser umbandista é ser clemente, é ter alma de crente, sempre voltada para o bem”, assim disse o nosso grande e iluminado Caboclo das Sete Encruzilhadas. E que assim seja feita a vontade do Pai.

Lucas de Sousa, 2014

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