O fundador da Umbanda, o Caboclo das Sete Encruzilhadas (que foi padre em vidas anteriores) ao se incorporar no médium fluminense Zélio de Morais, ditou as normas de como deviam funcionar os terreiros de Umbanda, praticando a caridade gratuita; sem tocar tambores (atabaques), nem palmas no acompanhamento dos médiuns de incorporação, doutrinando-os e afastando-os, aliviando os doentes, curando-os da falsa loucura.
Zélio de Moraes, que faleceu aos 83 anos, em 1975, ao ser entrevistado por Ronaldo Antônio Linares, presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, na rua Visconde Inhauma, 1174, Vila Gerty, em São Caetano do Sul, diz: "Não havia Umbanda antes de 1908. Havia a chamada macumba, que era feita pelo Candomblé, por causa das oferendas aos santos. A Umbanda não é macumba, não é Candomblé. Na Umbanda não se usa isso. Nós não batemos tambor (atabaque). Quem bate é a macumba. Nossa Umbanda não tem tambor e nem palmas, nem roupa de seda. Aqui, em meu terreiro, se usa roupa simples de algodão e sapato de córda ou descalço. Não tem seda, nem luxo. Tenho ouvido que muitos umbandistas aqui da Guanabara estão "fazendo o santo". Médium fazer santo? Eu não creio nisso. Nós trazemos isso de berço. Ninguém bota santo na cabeça dos outros. Em nossas sessões, temos a preocupação de curar loucos (desobsessões). Já foram curados muitos, que estavam em sanatórios e que era de outras religiões. Eu trabalho com o Orixá Malé, de Ogum, que foi trazido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas para curar os loucos ou obsidiados".
Lux Jornal - Notícias Populares (São Paulo), 15 de Junho de 1977
Nenhum comentário:
Postar um comentário