domingo, 1 de março de 2015

Psicografia do Caboclo das Sete Encruzilhadas

O Chefe, Caboclo das Sete Encruzilhadas
          Abri os seios doloridos de vossas almas feridas pela prova, abri o sacrário de vossos corações acrisolados na dor, para dar guarida às celestes emanações que pelos meus irmãos emissários constantemente vos envio, como refrigério ao sofrimento que de quando em vez vos vem despertar do letargo em que jazeis; para entreverdes as claridades espirituais da vossa regeneração, onde, filhinhos viveis muito acuados, aprendei comigo que sou manso e humilde a suportar o peso da vossa cruz; vinde, pelos ensinos que vos leguei, adquirir as virtudes que um dia formarão rico diadema para ornar as vossas frontes de espíritos redimidos. Vinde repousar no meu seio os vossos espíritos combalidos pela provação, certo de que felizes sois, pois que o Filho do Homem não tinha onde reclinar a cabeça. Irmanai-vos pelo amor, compreendei que sois filhos de um mesmo Pai, chorai com os vossos semelhantes as suas desventuras, vesti os nus, confortai os aflitos e sereis dignos de seguir-me e sereis de fato meus discípulos.
          Tudo passará meus irmãos muito amados; mas, as minhas palavras jamais passarão, queira ou não os vossos espíritos, porque elas ficarão gravadas no cálice deste recinto e algum dia quando ele ruir o pé, se levantará, e o vento envia por este mundo de meu Deus as minhas palavras. A árvore do Evangelho é semeada há dois mil anos na Palestina, eu a transportei para o rincão de São Gonçalo onde o meu olhar se fixa nutrindo o meu Espírito à esperança que breve florescerá, estendendo a sua fronde por toda a parte e dando frutos sazonados de amor e de perdão.
          Irmãos meus muito amados há longos anos que procuro reunir-vos todos, para que formeis um só rebanho sob minha direção; mas rebeldes, vos tendes conservado às minhas injunções, procurando antes servir o egoísmo das vossas matérias. Cumpridor fiel da vontade do PAI, toda a minha complacência se distribui por este pobre rebanho desgarrado. Prometi, porém que todos seriam salvos e espero levar-vos um dia limpos e puros, às suas sacratíssimas plantas, aureolados às vossas frontes pela luz brilhante da purificação final.
          Estudai meus caros irmãos, gravando os meus ensinos, as minhas palavras em vossos corações, para que elas iluminem as vossas consciências, fazendo-vos finalmente compreender a necessidade que se vos impõe de remodelardes os vossos espíritos esmagando o orgulho e o egoísmo que os degradam e adquirindo as virtudes que os elevam no conceito do nosso Pai Criador.
          A minha paz vos dou, a minha paz voz deixo, como deixo a minha humildade para que ela possa vos engrandecer perante o Pai, pedindo-vos que vos ameis uns aos outros, como eu vos amo lembrando-vos sempre que sou o mais pequenino e humilde dos espíritos que baixam ao planeta Terra.


Caboclo das Sete Encruzilhadas; Zélio Fernandino de Morais, 1919.

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