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Imagem de Pai Antônio pelo médium Jurandir |
"Dá licença, Pai Antônio,
Eu não venho visitar,
Eu estou bastante doente,
Venho para me curar."
Os cânticos anunciavam o início da sessão. Muitos vinham de longe para a cura de seus males. Outros vinham por simples curiosidade. A Tenda Nossa Senhora da Piedade era frequentada por católicos, protestantes, por negros e brancos, homens e mulheres. Ali não havia preconceito de nenhuma espécie. Todos eram bem-vindos. Todavia, nem tudo era flores. Muitas casas de Umbanda estavam sendo fechadas, confundidas com casas de macumba. Certa noite, o delegado Paulo Pinto, que vinha fechando as tendas de Umbanda do Estado do Rio de Janeiro parou na porta da humilde casa de caridade, na qual Pai Antônio e todos os pretos-velhos trabalhavam, dando passes e consultas aos filhos necessitados daquela noite. Zilméia, filha de Zélio de Moraes, preocupada, chamou Pai Antônio e lhe avisou que quem estava ali era um policial para terminar os trabalhos da casa. Serenamente, Pai Antônio lhe respondeu: "Carneirinho (como chamava Zilméia), deixa ele entrar." Com permissão para entrar, Paulo, que era um homem grande e robusto, deu dois passos adiante e caiu "estirado" no chão. Todos fitaram o homem desmaiado. Ninguém se movia. "O que fazer agora?", perguntou Zilméia paralisada, olhando de Pai Antônio para Paulo e de Paulo para Pai Antônio. O preto-velho, com sua mansidão de sempre, pediu-lhe que esperasse que logo o homem se levantaria. E a sessão continuou, as consultas prosseguiram e passado algum tempo, o delegado acordou, muito assustado, porém, não desistiu de ir embora. Os médiuns, ainda preocupados, avistou o robusto homem se dirigir a Pai Antônio no seu banquinho de madeira. Há relatos de Zilméia de que desde aquele dia, Paulo Pinto se tornara frequentador da Tenda e um grande amigo de Zélio de Moraes. A Umbanda é paz e amor. Fechar a Tenda de Umbanda era desfazer as vontades do Pai Maior. A caridade devia continuar.
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